Em um mundo tomado por “digital influencers” se faz importante o amparo de artistas para quebrar um velho tabu sobre os transtornos
Há nove anos, Cássia Kis Magro recebeu o diagnóstico de transtorno bipolar.
Um dos sinônimos da palavra amparo é apoio. Isso é o que toda pessoa com algum transtorno precisa para não esquecer que não está sozinha. Num mundo tomado por “digital influencers” que atuam na rede de computadores, portando grande poder de impacto nas decisões de muitas pessoas, se vê importante a iniciativa própria de algumas pessoas de influência revelarem seu lado frágil e humano.
Quando o gatilho é acionado e o paciente passa a sentir as primeiras transformações em suas emoções e comportamentos do dia a dia, é extremamente normal que se sinta grande medo em razão do desconhecido, que agora entra na rotina sem “bater na porta”. Na maioria das vezes, este sentimento vem acompanhado da sensação de desamparo quando essa transformação é confundida com a ideia de exclusividade, de que é a única pessoa a experimentar aquilo, já que desconhecia antes do episódio. Embora essa seja uma impressão natural do nosso cérebro, felizmente não é bem assim, pois é sempre bom lembrar que não se está sozinho e que hoje, a psiquiatria está bastante evoluída, tanto no que se refere aos diagnósticos quanto aos fármacos utilizados, com cada vez menos efeitos colaterais.
Pensando nisso, há uma década diversos artistas do Brasil e do mundo passaram incluir nas suas entrevistas informações sobre suas condições psicológicas com as quais conviviam diariamente, desmistificando o velho mito de que existe “vida perfeita” que contemplam pessoas de sucesso e, sobretudo, de sucesso midiático.
Essa postura ajuda a quebrar um forte tabu e preconceito de que pessoas são menos capazes de serem felizes e obterem sucesso em razão do seu diagnóstico mental. Com essa identificação, muitas pessoas perdem o medo e a vergonha e buscam mais informações sobre as doenças que, por sua vez, são mais comuns do que se imaginava.
Resumidamente, vamos mostrar algumas dessas pessoas que falaram abertamente sobre suas experiências:
Jim Carey sofria de depressão mesmo no auge do sucesso, sensação que ele reconheceu publicamente e admitiu precisar de ajuda. Mais tarde ele admitiu em um jornal que a depressão era a motivação por trás das comédias que ele produzia.
O ator, diretor e roteirista Selton Mello falou em 2009, que havia “vivido um inferno” um ano antes quando lutou contra uma séria depressão. No auge da manifestação da doença, o ator falou da sua falta de disposição quando pensou em abandonar a carreira: “Isso foi no auge do desconforto. Estou redescobrindo o prazer de atuar”, relatou. Disse que faz acompanhamento psicológico e que malhar é uma atividade legal e que traz excelentes resultados. Eu poderia estar mentindo aqui, falar que eu engordei 20 quilos para o papel [em Jean Charles], mas não, eu tava ruim da cabeça, estava vulnerável. É libertador poder falar sobre isso abertamente. Eu estou fazendo análise, coisa que eu nunca fiz na vida, e está sendo fabuloso”.
O ator Ben Stiller foi diagnosticado com transtorno bipolar há muitos anos e declarou ter seguido a vida adiante pelo apoio que recebeu de sua esposa. Segundo o ator, herdou de sua família de comediantes não apenas a vocação para a comédia, mas também o histórico genético da doença.
Mauricio Mattar diz ter descoberto que sofria de transtorno bipolar por meio da depressão. Há 8 anos atrás, o ator participou da 30º Congresso Brasileiro de Psiquiatria para apoiar a campanha da Associação Brasileira de Psiquiatria intitulada “A Sociedade Contra o Preconceito”.
A cantora e artista Rita Lee foi diagnosticada com transtorno bipolar em 2012, quando assumiu publicamente que estava muito aliviada ao saber da notícia."Finalmente alguém me disse o que eu sou’.
Arranjador, produtor e principal compositor do grupo norte-americano The Beach Boys, Brian Wilson marcou uma geração com sua obra que influenciou diretamente os ingleses dos Beatles e sucessores. Aos 20 e poucos anos - idade em que muitos distúrbios psiquiátricos se manifestam -, ele começou a ter dificuldades no relacionamento social, depressão, paranoia, que logo evoluíram para alucinações. Para o célebre maestro e compositor Leonard Bernstein, Wilson é um dos maiores compositores do século XX. Segundo Paul McCartney, Pet Sounds foi a principal influência de Sgt. Pepper, album conceitual de 1968.
Há oito anos, a atriz Cássia Kis Magro recebeu o diagnóstico de transtorno bipolar após uma consulta com psiquiatra. A partir de então, a rotina da artista passou a ser regulada com três remédios para o tratamento da bipolaridade.
O ator belga Jean-Claude Van Damme revelou publicamente que fazia tratamento para o transtorno bipolar. Segundo ele, depois que tornou público o problema, a comoção do público e das pessoas ao seu redor o ajudam no processo.
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